A investigação

A nossa investigação começa em 2019, quando tomamos conhecimento de uma coleção de ocarinas do final do século XIX em Vila Franca de Xira, uma pequena vila perto de Lisboa. Perguntamo-nos, pois, a razão da presença invulgar das ocarinas em Portugal e intrigados descobrimos que o primeiro grupo de ocarinistas Budriese (Alberto e Ercole Mezzetti, Ulisse Avoni, Davide Mignani, Giuseppe Grossi, Cesare Vicinelli e Federico Vignoli) realizou em 1873 uma turnê com o nome francês de ""Les Montagnardes de les Appennines", tocando nas cidades mais importantes da Europa. Foi no inverno de 1875 que no final de uma série de concertos em Lisboa, devido à algumas dinâmicas pouco claras, o grupo separou-se e regressou a Budrio. Mas agora está feito: a semente da ocarina já foi plantada e, poucos meses depois dessas apresentações, outros grupos ocarinistas, imitadores dos Montanari degli Appennini, começam a surgir. O fenômeno faz tanto sucesso que alguns deles partirão para o Brasil, onde tocarão diversos shows. E aqui também a história se repete. O entusiasmo é grande, tanto que outros grupos de ocarinas nascem ainda neste distante continente.

Quantos grupos de ocarinas podem ter nascido depois das viagens europeias dos primeiros ocarinistas de Budrio e que vestígios deixaram nestas terras? Nosso objetivo, portanto, é recuperar o máximo de informações possível e mapear a difusão da ocarina no mundo.

Através de arquivos digitais e não digitais, bibliotecas, artigos de jornais e textos, conseguimos até ao momento reconstruir parcialmente a viagem da ocarina por Portugal e pelo Brasil e o entusiasmo que a música deste instrumento de terracota trouxe.